Qual meu estilo de decoração?

4 elementos a considerar antes de modificar seu espaço

DICAS

Isadora Tenório

4/7/20235 min read

Que tal aprender um pouco sobre como descobrir seu estilo de decoração? Aqui vai um resumão bem prático para vocês! Mas afinal, por que isso é importante?

Muito similar ao estilo de se vestir, saber seu estilo te faz economizar muito tempo e dinheiro em compras (e reformas) mal sucedidas, além de outros benefícios que vamos nos aprofundar a seguir. No caso das roupas uma escolha aleatória causa ruído na sua comunicação com os outros, já uma decoração "qualquer" traz um mal estar para qualquer um que frequenta aquele espaço. Esse mal estar tem vários níveis e pode se manifestar como dificuldade de se concentrar, cansaço excessivo, sensação de caos e de que você não tem controle sobre sua vida - o que pode piorar consideravelmente a saúde mental de uma pessoa.

É importante entender a correlação entre o que vemos como " apenas estética" e felicidade. Um ótimo estudioso sobre esse tema é o filósofo franco-suíço Alain de Botton, autor do livro " A Arquitetura da felicidade", onde resume: “Um lar é um espaço que consegue tornar consistentemente disponíveis para nós as verdades importantes que o mundo amplo ignora, ou que nosso eu distraído tem dificuldade em manter.” A questão central deste livro é: algo que achamos bonito é o produto de certas características subjetivas que admiramos, e admiramos porque elas exprimem o que é a felicidade para nós. Por exemplo, a felicidade para uns pode ser viver em uma cabana no alto de uma montanha enquanto para outros a epítome da felicidade é viver numa cidade que não dorme, cercado por arranha céus. E é por isso que "gosto não se discute", porque ele é a expressão de conceitos diferentes de felicidade: o que para uns é um paraíso para outros pode ser um inferno.

Aqui não vamos mostrar os clássicos estilos prontos (industrial, escandinavo, clássico, boho,..) mas apresentar uma forma mais geral para se localizar entre eles, até porque novos estilos nascem o tempo inteiro e estilos antigos voltam à moda. Em questão de espaço interno temos dois principais vetores, ou gradações: do mais natural ao mais artificial. Pensando em extremos, o mais natural seria a natureza bruta e o mais artificial seria o completamente industrial (ex.: uma nave espacial). Porém a própria natureza bruta conta com paisagens extremamente contrastantes, desertos não tem o mesmo impacto visual que uma floresta tropical, certo? Portanto a outra gradação é relativa à quantidade de elementos, que vamos marcar aqui como maximalismo (mais objetos) x minimalismo (menos objetos). Para nos entendermos melhor vamos usar os quatro elementos da alquimia, que é bem universal (ar, água, fogo e terra) para locar certas subjetividades nesse quadrante definido pelos dois vetores descritos. Aqui vai um esquema para ilustrar:

Quem se identifica com o elemento fogo se atrai por cores incomuns na natureza (hipersaturadas e brilhantes), objetos irreverentes, provocativos, que contenham humor, Pop Art, elementos gráficos e contrastantes. Tem uma leveza, não se levam muito a sério, se entregam a impulsos e possuem uma autoconfiança inata. São pessoas que não se importam com o que os outros vão pensar e querem deixar sua marca no mundo. Não se importando em serem pioneiras, apreciando movimentos artísticos de vanguarda, sem medo de serem "bregas".

Conseguiu identificar qual seu estilo? É bem comum que você se identifique com mais de um desses elementos, o importante é entender que essas descrições são estereótipos para nos ajudar a nos aproximar do que sentimos e somos. Outro fator importante na hora de decorar um espaço é o lugar, cultura, possibilidades financeiras e tempo que estamos inseridos. Além disso, uma construção pode ter vocação maior ou menor para receber tais elementos, seja por ser uma reforma ou por sua função: será um escritório, uma loja ou uma casa de praia? Cada tipo carrega em si limitações. Aqui entra o papel do arquiteto de pesar as diferentes condicionantes e conceber um projeto que considere as prioridades identificadas a partir da conversa e briefing com o cliente.

Em um mundo ideal as coisas ao nosso redor (nossas roupas, casas, atividades,...) refletiriam o nosso mundo interior, essa visão de felicidade. Isso nem sempre é possível mas ter essa clareza do que é esse ideal de felicidade é um grande passo em direção à ela propriamente dita. Viver num espaço que reflete seu mundo interior pode alavancar seus resultados e sim, te trazer mais felicidade, calma e foco. Uma mudança no ambiente pode ser o primeiro empurrão para uma mudança mais significativa em nossas vidas, você está preparado/a para dar espaço para essa mudança acontecer? Aqui no Ará Estúdio te auxiliamos a remodelar seu espaço por meio de consultorias e projetos autorais, entre em contato para conversarmos! Quem sabe hoje mesmo você dá o primeiro passo em direção a uma vida exterior alinhada com seu ideal de felicidade ;)

Outros que também amam uma vanguarda, com a diferença de procurar uma certa "pureza" nas linhas, os apreciadores do elemento Ar buscam uma ordem a seguir, regras e formas ideais. Historicamente podemos considerar o Renascimento um momento de grande manifestação desse elemento, de buscar na Ciência proporções ideais. Mais recentemente, seria o estilo que pende mais para uma "nave espacial" (tipo Zaha Hadid), poucas cores e poucos objetos de design. Tudo que por trás têm um trabalho humano de aperfeiçoamento da natureza.

Falando de História, quem se identifica com o elemento Água é extremamente saudosista. Seus apreciadores tem um quê melancólico, tudo é dramático ou um sofrimento. Amam um amor impossível e na arquitetura isso se manifesta por querer recriar épocas que já viveu ou que gostaria de viver. Um bom exemplo seriam as catedrais góticas e o movimento barroco. Repare que o drama aqui é mais "pesado" do que no elemento fogo. Voltando ao exemplo do Renascimento, uma analogia seria Michelangelo esculpindo com paixão uma estátua cheia de vida, num estilo bem "aquoso" enquanto Leonardo da Vinci compõe seus quadros com fórmulas áureas, num modo muito mais "aéreo".

E nosso último elemento? Quem se identifica mais com o elemento Terra é do tipo que não é muito consumista, compra apenas o que usa e usa até acabar. Assim, prezam pela qualidade e durabilidade. Até pode curtir inovações mas que se mostrem absolutamente úteis e para convencê-los disso tem que suar, porque costumam ser mais teimosos. É do time que gosta de consertar coisas, cozinhar, plantar, fazer trabalhos manuais em geral. Os apaixonados por esportes também entram nesta categoria. A palavra chave aqui é utilidade.